
Assim como o sexo, é forte no homem o instinto da alimentação, mesmo porque é uma questão de sobrevivência. No entanto, o comer e o beber exagerados, desequilibra a vida e prejudica a própria saúde.
Na sua bondade eterna, Deus colocou o prazer na comida, a fim de que a atividade necessária da alimentação não fosse sem sabor e desagradável. No entanto, não podemos buscar o alimento apenas pelo prazer; aí está a causa da gula.Gula é comer além do necessário para se alimentar. Tudo o que comemos, depois que já estamos satisfeitos, é uma forma de gula, que pode ser pequena ou grande.
Sabemos bem o s prejuízos da gula, tanto para o corpo como para a alma. Um corpo “pesado” debilita o espírito. Se a Igreja nos aponta a gula como um vício capital, é porque, sem dúvida, ela gera outros males: preguiça, comodismo, paixões, doenças, etc.
A virtude oposta à gula é a temperança; evitar todos os excessos no comer e no beber.
Como remédio contra a gula a Igreja propõe o jejum, não como um valor em si mesmo, mas como um instrumento para dominar a paixão.
O jejum é como se fosse uma dolorosa oração; a oração do corpo. É uma poderosa arma, não é à toa que Jesus jejuou quarenta dias no deserto da Judéia, antes de enfrentar as ciladas terríveis do Tentador.
Há muitas formas de realizar o jejum, desde a mortificação em não comer alguns alimentos, até o jejum total. Cada um deve escolher aquela forma que mais lhe seja adequada. Sobretudo, há que se cortar aqueles alimentos que mais nos tentam à gula.
Para sermos felizes e tranquilos, temos que dominar as paixões com o auxílio da graça. As paixões são para o nosso espírito o que a tempestade é para o mar. Para dominá-las é necessário o sacrifício, e é ele que diferencia o homem da besta. Não é possível querer levar uma vida pura sem sacrifício. O corpo nos foi dado para servir e não para gozar; o prazer egoísta passa, e deixa o gosto de morte; o sacrifício gera a vida.
FONTE : "Os pecados e as virtudes capitais - Prof. Felipe Aquino"