quinta-feira, 19 de junho de 2014

A história de Corpus Christi

A festa de Corpus Christi nasceu de um milagre acontecido na cidade de Bolsena, na Itália. Um sacerdote chamado Pedro de Praga tinha dúvidas a respeito da presença real de Jesus na Eucaristia. Nessa época, a Igreja era assolada pelas heresias dos chamados cátaros – que significa “purificados”. Esse movimento deu-se no inicio do século XI.
Para os cátaros, o mundo era uma criação de Lúcifer, irremediavelmente perdido. Portanto, “os purificados”deviam viver fora do mundo, numa vida de castidade perfeita. O movimento atingia as raízes do cristianismo, pois, ao declarar o mundo invisível intrinsecamente mau, a encarnação de Jesus e sua redenção, a Igreja e seus sacramentos eram rejeitados. Negavam o matrimonio, a hierarquia eclesiástica e toda a disciplina da Igreja.
A Igreja estava sendo violentamente atingida pelas heresias que surgiram desses grupos. Os cátaros faziam parte da Igreja, mas depois separaram-se, formando uma seita.
Eles também combatiam a presença real de Jesus na Eucaristia. Afirmavam que ela era apenas um símbolo, como ainda hoje muitos dos nosso irmãos evangélicos afirmam.
Vivia-se um tempo muito difícil, e Jesus usou da pobreza de fé deste sacerdote para provar o contrário daquilo que afirmava aquela heresia.
Podemos nos perguntar: “Como é que um padre, que celebra missa, tem dúvida sobre Eucaristia?”Podemos imaginar a confusão que se criou na cabeça das pessoas e também na dele.
O sacerdote, em peregrinação , dirigiu-se à cidade de Roma justamente porque queria conhecer a verdade. Passando pela cidade de Bolsena, resolveu se  hospedar por ali. Na manhã seguinte, antes de seguir viagem, fez questão de celebrar a Eucaristia, apesar das suas dúvidas.  Na noite anterior, antes de se deitar, pediu ardentemente ao Senhor que acabasse com aquelas dúvidas, pois desejava crer... somente crer...
Enquanto o padre Pedro de Praga celebrava a missa, na hora da consagração, no momento que ele levantou a hóstia, ela começou a sangrar. O sangue pingava no corporal- uma pequena peça de linho branco que se coloca sobre a toalha do altar, na qual repousam o cálice, a patena e as âmbulas durante a missa. A quantidade de sangue foi tão grande que transpassou o corporal, as toalhas e atingiu o altar, que era de mármore, deixando ali as marcas.
Para contornar a situação, no desespero, o padre andou com a hóstia sangrando na mão, pois não sabia onde poderia colocá-la. Assim, algumas gotas de sangue caíram no chão. Ainda hoje, na igreja da cidade de Bolsena, existem as marcas de sangue no chão de mármore.
Aquela missa ficou inacabada, pois o padre não fez a consagração do vinho e não proseguiu a celebração, de tão atrapalhado que ficou.
Esse milagre foi uma grande resposta para aquele sacerdote. Foi o próprio Jesus dizendo que Ele está realmente presente na hóstia consagrada, com seu Corpo e Sangue, pois as gotas intensas do seu sangue saíram daquela hóstia.
Providencialmente, o papa Urbano IV estava na cidade de Orvietto, não muito distante de Bolsena. Informado do acontecido, pediu a um bispo que fosse até lá verificar e trazer noticias. O Papa agiu de forma cautelosa, pois estavam  acontecendo muitas heresias naquela época.
Outro fato pouco conhecido é o de uma monja agostiniana, Juliana de Cornillon, que recebeu diversas revelações de Jesus, pedindo-lhe que levasse os apelos à Igreja, na pessoa do Papa. Um dos apelos era que, após o domingo de Pentecostes, em uma quinta-feira , se celebrasse a festa da Eucaristia, a festa de Corpus Christi.
O Papa recebeu o anuncio daquelas revelações, lavando-as muito a sério, porém as guardou  no coração. Se ele simplesmente instituísse a festa de Corpus Christi, como Jesus pedia, estaria praticamente aprovando aquelas revelações e indo contra toda a heresia dos cátaros.  Seria a resposta da Igreja, afirmando a presença de Jesus na Eucaristia, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Com prudência e sabedoria, pediu ao Senhor que lhe mostrasse a verdade.
O bispo enviado fora a Bolsena e já estava voltando, mas o Papa não resistiu e foi ao seu encontro. Saiu de Orvietto e, na metade do caminho, numa ponte chamada “Ponte do Sol”,  os dois se encontraram. O Papa desceu da carruagem e foi em direção ao bispo, que trazia devotamente nas mãos o corporal ensanguentado. Quando o bispo abriu o corporal, o Papa caiu de joelhos no chão, proclamando: “Corpus Christi! O Corpo de Cristo!”.
Como o Papa havia pedido, a resposta veio do Céu. Portanto, a festa de Corpus Christi não é simplesmente uma festa que a Igreja instituiu para celebrar a Eucaristia. Foi uma resposta do Céu diante das heresias que atingiam a Igreja.
Quando o papa Urbano IV disse Corpus Christi, ele fazia sua profissão de fé diante daquele milagre Eucarístico. Era como se dissesse: “Este é o Corpo de Cristo presente na hóstia consagrada e aqui está a prova. Creio na presença real de Jesus na Eucaristia.
O Papa voltou para sua casa, levando aquele corporal, e colocou-o numa Igreja em Orvietto.  A partir daquele dia, conforme as revelações, instituiu-se que na quinta –feira após o segundo domingo de Pentecostes seria comemorada a festa do Corpus Christi.
Toda essa história começou a partir da dúvida de fé  da presença real de Jesus na Eucaristia, por parte do sacerdote Pedro de Praga, atingindo pela heresia dos cátaros, mas que buscava a verdade. Bolsena e Orivietto guardam ainda hoje esse preciosos sinais.


Fonte: Eucaristia, nosso Tesouro ( Mons. Jonas Abib)