“Da vontade pervertida nasce a paixão, servindo a paixão, adquiri-se o
hábito, e, não resistindo ao hábito, cria-se a necessidade”.
(Confissões/Santo Agostinho)

Convido-lhe a uma breve reflexão sobre a
vida de um jovem nascido em 354 em Tagaste na Argélia, que depois de tantos
anos de escravidão interior, libertou-se a ponto de deixar seus ensinamentos,
lições e filosofias de vida para toda a humanidade, lições alicerçadas na fonte
mais confiável e segura que é a Palavra de Deus, um jovem pelo qual decidi
iniciar essa reflexão: Agostinho.
Com onze anos de
idade, foi enviado para a escola em Madaura, uma pequena cidade da Numídia. Lá familiarizou-se com a literatura latina e com práticas e crenças do paganismo.
Com dezessete anos,
graças à generosidade de um concidadão, chamado Romaniano, o pai de Agostinho
pôde enviá-lo para Cartago para continuar sua educação
na retórica. Vivendo como um pagão intelectual,
ele tomou uma concubina. Numa tenra idade, desenvolveu uma relação estável com
uma jovem, em Cartago, com a qual viveu em concubinato por quinze anos e com quem viria a ter um filho. Durante esse
período Agostinho provou do pecado em todos os sabores, vivendo uma vida pagã,
onde, devido a sua inteligência e poder intelectual, usava seu conhecimento
para fazer do pecado uma simples justificativa de “liberdade” de escolhas
baseada em uma “verdade absoluta” que ele mesmo desenvolveu em sua mente corrompida
pelo pecado.
Enquanto ele estava
em Milão, Agostinho mudou de vida. Ainda em Cartago, começou a abandonar o maniqueísmo, em parte, devido a um decepcionante encontro com um chefe expoente da
teologia maniqueísta, Fausto.
Em Roma, ele relata ter completamente se afastado do maniqueísmo, e abraçou o
movimento cético da Academia Neoplatônica. Sua mãe insistia para que ele se
tornasse cristão e também seus próprios estudos sobre o neoplatonismo também foram levando-o neste sentido, e seu amigo Simplicianus
instou-o dessa forma também. Mas foi a oratória do bispo de Milão, Ambrósio, que teve mais influência
sobre a conversão de Agostinho
No verão de 386, após ter lido um relato da vida
de António do Deserto, de Atanásio de Alexandria, que muito
inspirou-lhe, Agostinho sofreu uma profunda crise pessoal. Decidiu se converter
ao cristianismo católico, abandonar a sua carreira na retórica, encerrar sua
posição no ensino em Milão, desistir de qualquer ideia de casamento e
dedicar-se inteiramente a servir a Deus e às práticas do sacerdócio.
A chave para esta
transformação foi à voz de uma criança invisível, que ouviu enquanto estava em
seu jardim em Milão, que cantava repetidamente, "Tolle, lege"; "tolle,
lege" ("toma e lê"; "toma e ler"). Ele tomou
o texto da carta de Paulo aos romanos, e abriu ao acaso em 13:13-14, onde lê-se: "Não
caminheis em glutonerias e embriaguez, nem em desonestidades e dissoluções, nem
em contendas e rixas, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a
satisfação da carne com seus apetites".
Durante muito tempo Agostinho foi escravo de seus prazeres, perdeu sua
dignidade e a sua liberdade humana e pecou deste modo, contra Deus. Mas, a
morte no pecado não foi a última palavra! Encontrou sua liberdade nas palavras
de um Bispo da época chamado Ambrósio, palavras estas proferidas como um eco da
Voz Divina que ressoou em seus ouvidos como o sopro do Espírito Santo.
Ele teve seu tempo, suas
experiências, provou da dor e enfim se libertou do pecado e depois de provar
dos falsos prazeres e belezas, conseguiu voltar corpo e alma para a VERDADE DAS
VERDADES:
Para qualquer parte que se volte
a alma humana, se não se fixa em Ti, se agarra a dor, ainda que se detenha nas
belezas que estão fora de Ti e fora de si mesma. Estas nada teriam de belo, se
não proviessem de Ti.
(Confissões/Santo Agostinho).
Agostinho venceu o pecado,
depois de tanto tempo ser escravo dele, foi escravo de seu prazer, mas
converteu-se a ponto de à luz do Espírito Santo, saber lidar com suas fontes de
prazer de forma consciente e moderada.
Prazer é um sentimento inegável
a toda espécie humana. Não há como negar nem “retirar” de dentro de nós. E
olhando então para a juventude, observa-se a busca e a satisfação desse prazer
a todo momento. O que todo jovem quer e busca durante o seu dia a dia é sempre
estar sentindo prazer, seja com os amigos, em relacionamentos afetivos, igreja,
na escola, etc.
A juventude do imediato,
que não vê a espera como um bem e sim como uma pedra no caminho que a impede de
seguir a estrada a caminho da imediata satisfação.
E em plena era da informação, apesar de toda
orientação e conhecimento que temos, pode-se classificar a juventude contemporânea como
EXTREMISTA e ANSIOSA, queremos sempre tudo o mais rápido possível. A ansiedade
é uma grande aliada do prazer descontrolado. A grande maioria das pessoas passa
a vida correndo de um lado para o outro. Estamos em constante movimento e
esperamos que tudo e todos que nos cercam também andem mais depressa:
·
Alguns McDonald’s prometem entregar o
pedido em até um minuto e meio, ou o lanche é grátis.
·
A duração média da consulta de um médico é
de oito minutos.
·
Um popular bufê em Tóquio cobra por minuto
– quanto mais rápido você comer, menos pagará.
·
Os construtores de prédios descobriram um
limite para o número de andares - a
quantidade de tempo que as pessoas estão dispostas a esperar pelos elevadores.
Quinze segundos é o tempo de espera ideal; se ele se prolonga para quarenta,
ficamos impacientes.
·
O presidente da divisão de computadores
portáteis da Hitachi motiva seus trabalhadores com o lema “A velocidade é Deus,
o tempo é o diabo”.
(Do livro “O Poder da
Paciência”- M.J. Ryan)
Sofremos da “doença da pressa”. A juventude
não quer esperar!Associemos agora essa doença da pressa aos vícios. Esse não
seria um sintoma da doença da pressa? Quantas vezes a ansiedade te visitou até
mesmo sem que você percebesse?
A juventude quer prazer imediato, quer resultados rápidos. É exatamente
o que as drogas oferecem: prazer imediato. É quando se começa a entrar em uma
escravidão, uma situação em que você perde o controle. Bom, falar das
consequências do uso de drogas, orientar a juventude a não entrar nesse
caminho, enfim, conscientizar é “chover no molhado”, estamos na era da
informação. Com certeza você que está lendo este texto agora (se claro, teve
paciência de ler até aqui) já deve ter presenciado a situação triste de um
depende químico, ou já viu, ou tem um amigo que é, ou na família, ou até mesmo
é a própria vítima. Mas a questão é: por quê? Sim, por que a juventude ainda
continua mergulhando nesse buraco negro que, na maioria das vezes, é um abismo?
Saber que não é um bom caminho, todos já sabem, mas por que mesmo assim ainda
caminham nessa direção? São muitas as respostas para essa pergunta, porém a
ansiedade talvez seja uma constante na vida da juventude. O que intriga é que
mesmo com tanto conhecimento e informação a juventude ainda não saiba fazer bem
suas escolhas.
Ora, assim como o jovem Agostinho tinha
conhecimento suficiente para não cometer os pecados que cometeu mas mesmo assim
pecou gravemente, a juventude informada também peca “sabendo”, erra “sabendo”.
Os motivos são diversos, a solução uma só: DEUS! Basta compreender que a
inteligência é uma técnica e um resultado de um cérebro bem treinado e bem
cuidado e desenvolvido, já a SABEDORIA é dom de Deus, é ela que te sustenta:
“ A
inteligência morre no túmulo, a sabedoria é eterna”
(Pe. Dehon Vicente Ferreira)
Santo Agostinho alcançou a SABEDORIA quando
deixou a VOZ DE DEUS ecoar em seu interior e assim libertou-se do pecado.
Rezemos, pois pedindo a Deus o dom da Sabedoria, busquemos a Palavra que
liberta e orienta. O Cristão sábio é aquele que sabe vigiar-se a ponto de saber
dizer NÃO quando oferecido um prazer instantâneo, a propostas como: Experimente! Uma vez só não faz mal! Usar
está na moda! Vai te dar mais coragem!A sensação vai ser ótima!
Cada vício seu é uma chaga no Corpo de
Cristo, o jovem Cristão deve dar vitalidade ao projeto de JESUS e não feri-Lo
com a espada da dor, violência, escravidão, pois são essas as consequências na
vida de um viciado.
Na Palavra de Deus está toda a sua resposta,
a sua sustentação para não cair nesse mundo:
Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito
Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus? Não pertenceis a vós mesmos
(1Cor 6,19).
Assumamos assim o nosso compromisso em
cuidar do nosso corpo, pois ele foi feito por DEUS e para DEUS deve voltar!
Procurei-Te-ei, para que minha alma viva. O
meu corpo, com efeito, vive da minha alma, e a alma vive de Ti.
(Santo Agostinho)
Enviado por Renato José
de Carvalho/ Paróquia N.Sra.Do Bonsucesso – Serranos-MG