
A festa de Corpus Christi nasceu de um milagre acontecido na
cidade de Bolsena, na Itália. Um sacerdote chamado Pedro de Praga tinha dúvidas
a respeito da presença real de Jesus na Eucaristia. Nessa época, a Igreja era
assolada pelas heresias dos chamados cátaros – que significa “purificados”.
Esse movimento deu-se no inicio do século XI.
Para os cátaros, o mundo era uma criação de Lúcifer,
irremediavelmente perdido. Portanto, “os purificados”deviam viver fora do
mundo, numa vida de castidade perfeita. O movimento atingia as raízes do
cristianismo, pois, ao declarar o mundo invisível intrinsecamente mau, a
encarnação de Jesus e sua redenção, a Igreja e seus sacramentos eram
rejeitados. Negavam o matrimonio, a hierarquia eclesiástica e toda a disciplina
da Igreja.
A Igreja estava sendo violentamente atingida pelas heresias
que surgiram desses grupos. Os cátaros faziam parte da Igreja, mas depois
separaram-se, formando uma seita.
Eles também combatiam a presença real de Jesus na
Eucaristia. Afirmavam que ela era apenas um símbolo, como ainda hoje muitos dos
nosso irmãos evangélicos afirmam.
Vivia-se um tempo muito difícil, e Jesus usou da pobreza de
fé deste sacerdote para provar o contrário daquilo que afirmava aquela heresia.
Podemos nos perguntar: “Como é que um padre, que celebra
missa, tem dúvida sobre Eucaristia?”Podemos imaginar a confusão que se criou na
cabeça das pessoas e também na dele.
O sacerdote, em peregrinação , dirigiu-se à cidade de Roma
justamente porque queria conhecer a verdade. Passando pela cidade de Bolsena,
resolveu se hospedar por ali. Na manhã
seguinte, antes de seguir viagem, fez questão de celebrar a Eucaristia, apesar
das suas dúvidas. Na noite anterior,
antes de se deitar, pediu ardentemente ao Senhor que acabasse com aquelas
dúvidas, pois desejava crer... somente crer...
Enquanto o padre Pedro de Praga celebrava a missa, na hora
da consagração, no momento que ele levantou a hóstia, ela começou a sangrar. O
sangue pingava no corporal- uma pequena peça de linho branco que se coloca
sobre a toalha do altar, na qual repousam o cálice, a patena e as âmbulas
durante a missa. A quantidade de sangue foi tão grande que transpassou o
corporal, as toalhas e atingiu o altar, que era de mármore, deixando ali as
marcas.
Para contornar a situação, no desespero, o padre andou com a
hóstia sangrando na mão, pois não sabia onde poderia colocá-la. Assim, algumas
gotas de sangue caíram no chão. Ainda hoje, na igreja da cidade de Bolsena,
existem as marcas de sangue no chão de mármore.
Aquela missa ficou inacabada, pois o padre não fez a
consagração do vinho e não proseguiu a celebração, de tão atrapalhado que
ficou.
Esse milagre foi uma grande resposta para aquele sacerdote.
Foi o próprio Jesus dizendo que Ele está realmente presente na hóstia
consagrada, com seu Corpo e Sangue, pois as gotas intensas do seu sangue saíram
daquela hóstia.
Providencialmente, o papa Urbano IV estava na cidade de
Orvietto, não muito distante de Bolsena. Informado do acontecido, pediu a um
bispo que fosse até lá verificar e trazer noticias. O Papa agiu de forma
cautelosa, pois estavam acontecendo
muitas heresias naquela época.
Outro fato pouco conhecido é o de uma monja agostiniana,
Juliana de Cornillon, que recebeu diversas revelações de Jesus, pedindo-lhe que
levasse os apelos à Igreja, na pessoa do Papa. Um dos apelos era que, após o
domingo de Pentecostes, em uma quinta-feira , se celebrasse a festa da
Eucaristia, a festa de Corpus Christi.
O Papa recebeu o anuncio daquelas revelações, lavando-as
muito a sério, porém as guardou no
coração. Se ele simplesmente instituísse a festa de Corpus Christi, como Jesus
pedia, estaria praticamente aprovando aquelas revelações e indo contra toda a
heresia dos cátaros. Seria a resposta da
Igreja, afirmando a presença de Jesus na Eucaristia, com seu Corpo, Sangue,
Alma e Divindade. Com prudência e sabedoria, pediu ao Senhor que lhe mostrasse
a verdade.
O bispo enviado fora a Bolsena e já estava voltando, mas o
Papa não resistiu e foi ao seu encontro. Saiu de Orvietto e, na metade do
caminho, numa ponte chamada “Ponte do Sol”,
os dois se encontraram. O Papa desceu da carruagem e foi em direção ao
bispo, que trazia devotamente nas mãos o corporal ensanguentado. Quando o bispo
abriu o corporal, o Papa caiu de joelhos no chão, proclamando: “Corpus Christi!
O Corpo de Cristo!”.
Como o Papa havia pedido, a resposta veio do Céu. Portanto,
a festa de Corpus Christi não é simplesmente uma festa que a Igreja instituiu
para celebrar a Eucaristia. Foi uma resposta do Céu diante das heresias que
atingiam a Igreja.
Quando o papa Urbano IV disse Corpus Christi, ele fazia sua
profissão de fé diante daquele milagre Eucarístico. Era como se dissesse: “Este
é o Corpo de Cristo presente na hóstia consagrada e aqui está a prova. Creio na
presença real de Jesus na Eucaristia.
O Papa voltou para sua casa, levando aquele corporal, e colocou-o
numa Igreja em Orvietto. A partir
daquele dia, conforme as revelações, instituiu-se que na quinta –feira após o
segundo domingo de Pentecostes seria comemorada a festa do Corpus Christi.
Toda essa história começou a partir da dúvida de fé da presença real de Jesus na Eucaristia, por
parte do sacerdote Pedro de Praga, atingindo pela heresia dos cátaros, mas que
buscava a verdade. Bolsena e Orivietto guardam ainda hoje esse preciosos
sinais.
Fonte: Eucaristia, nosso Tesouro ( Mons. Jonas Abib)